“Nunca deixei que o período que passei na escola interferisse na minha
educação.”
(Mark Twain – escritor americano – 1835-1910)
A maior crítica contra a Progressão Continuada é justamente das escolas
cujos profissionais não aceitam qualquer tipo de avaliação das suas propostas
educacionais. Os profissionais que não têm qualquer compromisso com a
aprendizagem dos alunos propõem a volta do Instituto da Reprovação, medida esta
que coloca sobre o aluno toda a responsabilidade pelo “fracasso escolar”.
O Regime de Progressão Continuada (aprovado pelo Conselho Estadual de
Educação – CEE – em 17/12/97) “pede avaliação continuada também do
processo de aprendizagem dos alunos, o qual deve ser objeto de recuperação
continuada e paralela.” (in Indicação CEE nº 22/97). Esta “avaliação
continuada” exige um comprometimento total dos professores com os educandos,
situação esta inimaginável para um grande número de profissionais que não têm
vocação para o ensino.
Algumas corporações têm responsabilizado a “progressão continuada” pelo
fato de alguns alunos chegarem à 5ª série sem saber ler, mas omitem da
sociedade a irresponsabilidade dos professores que “enganaram” estes alunos por
4 anos. Declarar que “O mau aluno sabe que não vão exigir nada dele, que não
vai ser reprovado”, (conforme declarações de um diretor da Udemo), é confessar
a total incapacidade em motivar o aluno para o ensino-aprendizagem. A
reprovação é um instrumento covarde, pois joga toda a culpa das mazelas da
Educação justamente no elo mais fraco da corrente – o aluno.
“A avaliação da pré-escola tem muito a ensinar aos outros níveis de
ensino” (Jussara Hoffmann – Professora da
PUC/RS – no II Congresso de Educação Infantil – Anhembi/ S. Paulo – 24 a 26 de
março de 1998). Na pré-escola, não existe “reprovação”. Vejam algumas frases
desta professora no referido congresso:
- “Avaliação é tomada de decisão. Avaliação não
é julgamento, é ação reflexiva.”
- “A criança está diferente a cada dia”
- “Um dos grandes problemas é a elitização da
avaliação pedagógica”.
- “A avaliação só tem sentido se ajudar a ação
do professor em acompanhar a criança.”
- “A avaliação é sempre individual, mas, em
geral, não respeita o indivíduo.”
O contrário da “progressão continuada” é o sistema de “notas”, na qual o
professor faz uma prova e “classifica” os alunos. Quem não atingiu o conceito
“satisfatório”, faz outra prova. Neste sistema, não se avalia as dificuldades e
capacidades dos alunos. Não existe compromisso entre educador e educando. Além
disso, temos o famigerado sistema de “médias bimestrais”, no qual um aluno tira
“2” na primeira prova, “8” na segunda, e o professor soma as duas notas
(2+8=10) e divide por “2”, achando um número “mágico: 5”. Este número não serve
absolutamente para nada, pois se o aluno “superou “as suas dificuldades
iniciais, então seria mais justo considerar que ele vale “8”!!!
Também chamamos a atenção para a interessante situação criada pela
“progressão continuada”: cada professor é avaliado pelo professor da
série seguinte! O professor da 5ª série é quem de fato estará avaliando o
trabalho dos professores das primeiras 4 séries!!! Isto é inadmissível
para pessoas que não aceitam nenhum tipo de crítica e/ou avaliação.
Finalizando, nunca é demais lembrar que existem pessoas e corporações
contra a municipalização do ensino fundamental. Na falta de “melhores
argumentos” contra a diretriz constitucional, aproveitam o “ano eleitoral” para
criticar uma proposta formulada por educadores denunciando-a como se fosse um
“programa de governo”.
(a) Coordenação – Mauro A. Silva – Grêmio SER Sudeste
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